Resumo da semana: Trabalho!

Bem essa semana foi pesada, pesada mesmo...

No início veio a diretora nacional do Proexport (o maior cliente do CICE na área que trabalho), assim segunda o dia foi por conta dela de apresentar os resultados do trabalho e vender novos projetos. No final tudo foi ótimo, já vendemos mais 3 para o próximo semestre e ela está satisfeitíssima com os resultados dos atuais.

Na terça fui a um evento de manhã de um fundo de venture capital (capital de risco, que investe em empresas nascentes) que o governo colombiano está lançando. O evento foi legal como um todo, fiz contatos com o gestor do fundo aqui em Medellín, mas perdi a manhã toda nisso. A tarde tinha que fazer um estudo gigantesco para o grupo de empresários de Limpeza e Desinfecção que trabalhamos para criar uma nova empresa, com tecnologia de ponta, no final não consegui terminar tudo... As fontes de informação eram muito muito restritas e levei mais tempo, não ficou ruim porque tinham outras prioridades na agenda. Além disso tive uma reunião com uma estudante e um professor de engenharia da universidade para organizar um concurso de robo que vai acontecer dentro de uma feira comercial que a EAFIT é parceira.

Na quarta continuei o negócio de limpeza e desinfecção e pela tarde o estudo de países alvo para a exportação do outro grupo de empresários, esses focados em peças para aeronaútica e defesa. Fiquei até as 8h (isso que entro as 8h da manhã, e alguns dias as 6h30) para terminar.

Na quinta a reunião com os empresários de aeronaútica de 7h até 12h, o bom foi ver que o negócio avançou muito muito, já vão abrir a empresa e tem uns 3 contactos já para vender produtos. A tarde call com a Endeavor Colombia sobre uma visita que eles vão fazer aqui e reunião com dois expertos do setor elétrico sobre o projeto já vendido para o Proexport e que iremos vender para os empresários terça. A parte boa foi que o feedback foi excelente, eles acharam muito bom o estudo e as empresas que convocamos.

Sexta, achei que ia ser tranquilo, nada. Pela manhã estava terminando o estudo de limpeza, minha chefe me liga: "Guille tiene una reunión con los empresarios de aero y yo ni Angie(a assintente dela) no podemos ir, por favor, vas y hace la acta?" Aí fiquei 2h horas com eles, primeiro o consultor jurídico decidindo juntos como vai ser estatuto, enquadramento fiscal e etc... Depois empresa de mídia digital decidindo como vai ser o site e etc.... Legal, mas menos 2 horas para meu trabalho de verdade, estudar os tais setores. A tarde continuei o estudo que tinha parado, e aí teve uma reunião com a diretora de relações internacionais daqui (para ver a possibilidade de eu estudar o próximo semestre aqui) e por fim orientar as duas estudantes de MBA, que o diretor do CICE me passou, no trabalho de conclusão delas sobre o setor de construção e as oportunidades. Achei que tinha acabado. 6h (meu horário de saída), minha cehfe vai até a minha mesa: "Guille yo necesito imprimir el estudio de electricos para Lunes(segunda) y pasar la acta de la reunión de aero para proexport, puede me entregar eso hoy aún (hoje ainda)."Como sabia que eram coisas importantes, fiquei revisei o estudo, mudando cor de gráficos, dados, palavras e tal. E fiz a ata (sim em espanhol).

Bem apesar da intensidade estou gostando muito, pois estou aprendendo para caralho (com o perdão da palavra): vendo os empresarios decidirem abrir a empresa de aeronautica, a formação jurídica dela, fazendo contatos com gente de fundo de venture capital, estudando oportunidades de setores que nunca ouvi falar na vida, e até orientando estudante de MBA. Mas o que pesa muito, e me prejudica, é o volume de coisas que não são prioridades, como reunioezinhas e etc, que atrapalha meu rendimento no resto. 

E também a parte cultural: 

1- trabalhar direto, 100% do tempo, em espanhol cansa muito especialmente porque nunca estudei então me prejudica na comunicação e na velocidade de fazer as coisas (por exemplo a tal ata.)

2 - O horario de trabalho: isso sim é uma MERDA! Aqui eles trabalham muito cedo, começam as 8h, tem de 12h as 14h para almoço, e saem as 18h. 

Então como funciona para mim:

Acordo as 7h: morto de sono, porque não consigo, simplesmente não consigo dormir antes das 23h ou meia noite.

Trabalho até as 12h na base do café

Saio para almoçar: mas como  moro do lado da universidade tenho 1h a mais para fazer nada, que não dá para trabalhar (por que ninguem fica no escritorio) nem fazer nada produtivo, então quebro meu ritmo e caio de produção.

Chego as 14h e saio as 18h: meu horário mais produtivo tradicionalmente (quando tenho mais energia e penso mais rápido), mas que rende menos por estar com ritmo quebrado. 

Saio as 18h: não tenho nada para fazer, por que  eles já vão para casa dormir as 21h. Em parte é bom que tenho tempo para falar com a Ju (minha namorada, quem não conhece) e com minha família. 

Fora que nos dias com reuniao com empresários as reuniões são as 7h00. Assim tenho que acordar as 6h quando é na universidade e as 5h30 quando é fora. E aí vendo o seu escuro ainda, penso: Isso não é humano!

Sei que essas coisas são naturais do intercâmbio, e eu tenho que me adaptar a Colômbia e não todo o país a mim. Já estou tentando e me esforçando, mas até lá o cansaço vai me consumir...

Esportes...

Bem como acabei de voltar de uma pelada aqui... Um cara que mora no mesmo predio que eu me chamou, parece que era a turma da faculdade. Valeu porque estava seco para jogar futebol e ainda nao tinha tido a oportunidade.

Fomos a um campo society que tem aqui, a infra-estrutura era muito boa, 5 campos com um bar no meio, passando FOX Sports ( o Sportv deles, que é argentino).

Mas a pelada em si foi uma merda, todo mundo era da mesma condicao fisica que eu ou pior (quem ja jogou bola comigo sabe que 20 minutos de jogo é o limite para eu ir e voltar), a tecnica também nao era ruim mas nem um pouco brilhante, jogam direitinho mas sem nenhum pelé em campo.

O que melou mesmo foram tres coisas: 

1 - a bola nao saia, o campo tinha paredes por todos os lados, entao nao tinha lateral nem tiro de meta. Uma merda, vc corria para caralho e qualquer chute ridiculo tinha rebote.

2 - Gol so fora da área, sinceramente essa regra não entendi, e só fudia o jogo, pq ficava no chutão e sem nenhuma jogada boa para chegar livre no gol.

3 -  a táctica do meu time, isso faz toda a diferença para nós brasileiros sermos tão bons no resto do mundo. Já vi um jogo da seleção daqui com a Bolívia e o padrão táctico era o mesmo. O goleiro pegava a bola e dava um chutão para frente, tentando ligar ol contra ataque mesmo estando 1 contra 3, se dava certo e outro chegava ao ataque o cara com a bolava ficava afobado para chutar para o gol, e chutava de qualquer parte, sem direção ou espaço, resultado um jogo lá e cá mas com todo mundo morto e sem nenhum toque de bola ou jogadas boas.

Outra coisa é que ontem encontrei o time de Handbol da EAFIT treinando (para quem não sabe, joguei Handbol no colégio e na faculdade) e aí me meti a jogar com eles. O nível era igual ao do time de Relações Internacionais da USP, que jogava a segunda divisão lá, mas a infraestrutura de treino muito melhor. Técnico que entendia bem, bolas dinamarquesas de primeira linha. Me diverti mas o treino é puxado, fiquei bem cansado fisicamente. Não sei se vou continuar treinando, porque os treinos são segunda, quarta e sexta de 6h30 as 9h, e eu não posso disputar campeonato por não ser aluno.

Bem é isso... O próximo post, depois do comentário da minha mãe, será sobre trabalho.

Viagem a la costa - Final

Bem o saldo final da viagem foi uma excelente semana de descanso, onde pude conhecer mais do país, aprender coisas diferentes e relaxar para o trabalho aqui... Além disso fiquei bem pretinho e mais magro depois de tanta caminhada e praia...

Por fim sobre a costa atlântica da Colombia o que tenho a dizer é que é um lugar incrivelmente bonito, mas muito pouco desenvolvido comparado a Medellín, onde muito poucos tem a grande maioria dos recursos e o governo é bem menos eficiente em seu trabalho. Assim como a parte empresarial também é bem mais restrita.

Para mim o paralelo perfeito com o Brasil seria o Nordeste, pelas praias, o clima, as pessoas, a musica, a alegria, e pela desigualdade, pelo subdesenvolvimento, pela dependencia externa e interna.

Viagem a la costa - Santa Marta

Depois de 4 dias no Parque Tayrona restou um finzinho de tarde em Santa Marta... Fomos a um shopping comer alguma comida de verdade depois de 4 dias e ligamos para o Abraham, que tinha me hospedado em Barranquilla, e estava com a familia em Santa Marta para o Feriado.


Santa Marta é uma cidade antiga, portuaria também, mas tem próximo a ela Rodadero, um dos maiores balnearios da Colombia... Curtimos uma prainha com a familia do Abraham e em seguida fomos a rodoviária, 15 horas depois estavamos de volta a Medellín...

Viagem a la costa - Parque Tayrona

Parque Tayrona:

No norte da Colômbia, entre o oceano atlântico e a serra nevada, fica essa reserva natural. Pelas condições geográficas o ecosistema é uma selva a beira mar... Muito bonito!

Para chegar lá fomos até Santa Marta, uma capital periférica da costa atlântica, lá compramos toda a comida e a água colocamos no mochilão e pegamos um ônibus pau de arara, até a entrada do Parque. De lá caminhamos 1h em uma estrada asfaltada, até o centro de informações do parque... Aí mais uma caminhada de 50 min no meio da serra, agora descendo e subindo, até a praia de arrencifes onde fícamos. E eu com uns 18 quilos nas costas, bom para dar uma emagrecida...

Chegamos a praia de arrecifes, e começamos a negociar nossas redes, que tinhamos orçado a 5 reais, depois de muita pechincha sairam por 12, isso que eu tinha 40 reais para o resto da viagem ( 4 dias). Assim fiquei nas comidas que compramos no supermercado todos os dias... Basicamente pão com atum ou salsicha enlatada....

O parque tem muitas praias e lugares legais... Basicamente fomos em todos que eram acessiveis a gente:

Praia La Piscina: uma baia formada por pedras e recifes que formam uma praia natural

El cabo: um cabo onde existem duas praias proprias ao banho (por segurança, lá o mar é muito perigoso e bravo) com uma vista muito bonita para a serra

El pueblito: um caminho de pedras que levam a um antigo assentamento indigena, onde existe uma série de cisternas da época pré colombiana (antes do Cristovão Colombo, não do país)


Curti muito essa parte da viagem, ficar natureba, dormindo em rede, na beira da praia, o dia todo de bermuda e descalço. É algo bem diferente do tipo de viagem que estava acostumado e gostei muito. Deu para ver que comprar e ver coisas famosas não são o único tipo de turismo no mundo.

Viagem a la costa - Barranquilla

Barranquilla:

Depois de 3 dias em Cartagena conseguimos finalmente a casa em Barranquilla, uma vez que a bendita conferencia tinha terminado. A Debora na casa de uma amigo daqui de Medellín, e eu na casa de uma família que o filho é da AIESEC de lá.

Barranquilla é a maior cidade da costa, antigamente era o principal porto exportador de carvão, hoje mais uma cidade grande que é centro regional. Muito segmentada é contrastante, gente muito rica em uma parte e muito pobre em outra.

Como chegamos na terça pela tarde e iamos quarta pela manha não fizemos muita coisa, conhecemos um povo da AIESEC de lá e saímos para tomar uma cerveja... Molecada nova, começando a faculdade, mas com uma cabeça boa e muito gente fina.

A cidade me agradou pelo clima, mas quente com brisa, e pela infra estrutura. Tomar um banho em uma casa toda arrumadinha também foi um alívio...

Viagem a la costa - Cartagena

Cartagena:

Esse foi nosso primeiro destino, cerca de 10 horas de onibus de Medellín. Na época colonial era o principal porto espanhol nas Américas, lá armazenavam todo o ouro e prata "conquistados" e em seguida enviavam a Europa.

Isso gerou duas caractéristicas na cidade. Primeiro a suntuosidade das casas e edificações coloniais. Muito muito mais bonitas e sofisticadas que ouro preto ou diamantina.


E a segunda a estrutura espanhola para a defesa de piratas, com uma cidade toda murada e um imenso castelo e vários fortes.


Em Cartagena quem nos ajudou no principio foi o Hernando, da AIESEC de lá, de família média simples, muito gente boa, mas não podia nos hospedar. E a maioria dos membros da AIESEC estavam em uma conferencia, por isso não conseguimos casa. Assim o Hernando nos arranjou um albergue baratinho, 15 reais, mas já acima do nosso orçamento.

Lá saímos com o povo da AIESEC, andamos pela cidade, conhecemos gringos de lá, fomos a praia... Mas duas coisas realmente legais aconteceram...

1 - Fomos a um bar de um alemão que parou por lá e resolveu ficar, assim abriu um bar Leon da Baviera, mas o legal é que foi o primeiro bar que escutei musica que não era colombiana...Rockzinho anos 80 e etc... Isso foi um alívio, aqui eles escutam quase que totalmente música nacional ou latino americana, salsa, merengue, vallenato e etc... Assim escutar um U2 foi bom...

2 - Estavamos na praia um dia (uma prainha mais ou menos por sinal) meio de saco cheio pq ja tinhamos visto tudo la e nao tinhamos arranjado casa na próxima cidade ainda... Estavamos lá de bobeira, sem grana para nada. Até que o pessoal da barraca atrás da nossa contratou uma banda de Vallenato (um ritmo daqui, sei la meio samba meio sertanejo, nao consigo explicar). O povo eram dois com cara de latinoamericano e tres com cara de gringo. Ai começaram a dançar, a barraca do lado com outros colombianos também e aí viram a canga do Brasil da Debora e chamaram a gente. No final era um colombiano e um peruano que trabalhavam em Washington que trouxeram uma holandesa, uma norueguesa e um sueco para conhecer a colombia. E estavam pagando tudo, bebida e etc... Ficamos fazendo farra na praia até 8h da noite...